Campos do Jordão (SP) – A 7ª Caminhada Franciscana da Juventude terminou neste domingo com a mensagem do Ministro Provincial, Frei Fidêncio Vanboemmel, incentivando os 800 jovens que invadiram Campos do Jordão, neste final de semana (14 e 15/4), para continuarem “construindo sonhos”, mas sem se esquecer de uma escolha simples: “Não podemos sonhar se o Ressuscitado não estiver do nosso lado”.
“Coragem, levanta-te, Jesus te chama”, extraído do evangelho de Mc (10, 49) foi o lema escolhido pelos organizadores do evento. Neste sentido, tendo como fundamento a Palavra de Deus, os jovens puderam refletir e acompanhar durante cada parada, pequenas encenações, neste ano chamada de “meditações”, ou seja, momentos de parada e de reflexão sobre questionamentos simples que exigem respostas profundas. “Mas escuta aqui, no caminho de vocês, o que havia? O que vocês experimentaram ao fazer este caminhar?”, perguntou o Ministro Provincial, Frei Fidêncio Vanboemmel, que presidiu a Celebração Eucarística às 4 horas da madrugada do domingo na Igreja Santa Teresinha, no centro da cidade.
ALEGRIA DO REENCONTRO
Ainda nem era dia e os primeiros ônibus chegavam lotados de jovens alegres e dispostos a enfrentarem novos desafios. Curiosidade importante desta edição da caminhada foi a de que quase metade dos participantes nunca havia participado de nenhum evento assim, o que gerou mais expectativa ainda.
Depois de um reforçado café da manhã e também tendo realizado o credenciamento, os jovens iniciaram a caminhada logo no começo do dia. Antes, porém, os jovens de Campos do Jordão conduziram um momento de oração e reflexão a partir da 1ª meditação, que trouxe como questionamento a seguinte pergunta: “Quem sou eu?”.
Pela estrada José Teotônio Silva, os jovens franciscanos seguiram até o Sítio e Pousada do Robertinho, local onde foi servido gentilmente um delicioso almoço para todos os jovens e voluntários. No mesmo local cada jovem recebeu um coração para que durante o caminho depositasse nele todos os seus pedidos e desafios que enfrentaria durante a caminhada.
Richard Ferrari, de Rodeio (SC), cidade que acolheu a última edição da caminhada, destacou: “Para quem já participou e ajudou na organização de um evento como este, é muito gratificante estar novamente envolvido como participante. É uma alegria imensa”, afirmou o jovem rodeense.
A jovem Maria Clara, da cidade de Agudos (SP), declarou que não imaginava conseguir completar o caminho íngreme todo, “mas Deus coloca alguns anjos que ajudam a gente a superar as dificuldades e isso nos motiva a chegar até o final”, enfatizou ela.
Os jovens da Paróquia Nossa Senhora da Boa Viagem da Rocinha (RJ) também marcaram presença. Para eles, foi inovador participarem da caminhada. João Pedro contou que estava afastado da Igreja e que foi para a caminhada por insistência dos amigos. Gostou tanto que ainda lançou o convite: “Participem, pois vale a pena”.
TEMPO DE CELEBRAR O JUBILEU
Na Sociedade de Educação Frei Orestes (SEA), os jovens finalizaram a caminhada do primeiro dia, após 24 km. Antes, foram recebidos no Mosteiro São João, das Irmãs Beneditinas, com hinos e cânticos. Ali, os jovens confiaram às irmãs o coração que ganharam no início da caminhada, cheio de pedidos e agradecimentos.
“Nosso coração exulta porque olhando para vocês, neste século onde muitos jovens estão divididos e sem sonhos, vocês optaram por Cristo, por ter um ideal. Recebam essa luz de Cristo que deve iluminar a caminhada de vocês. Cada vez que tiverem uma dificuldade, seja ela qual for, se lembrem de que Jesus está adiante e mostra o caminho. Francisco foi um jovem que sonhou e teve um ideal e até hoje esse ideal dá muitos frutos em todo o mundo. Sejam como Francisco, sonhem, tenham um ideal. De preferência sonhem o sonho que Deus Pai tem para vocês, e confiem em Maria, colocando os seus corações no coração dela”, pediu a irmã Myriam de Castro, do Mosteiro São João.
Apesar do frio e da chuva que os jovens enfrentaram neste primeiro dia, eles foram acalentados pelo calor não só de um casaco de moletom da cor franciscana, mas também pelo calor da acolhida das irmãs de Nossa Senhora de Fátima, como também das famílias e do povo da região.
No SEA, antes de serem enviados para as famílias, os jovens prestigiaram algumas apresentações preparadas impecavelmente pelas irmãs e jovens. Também puderam conhecer um pouco mais da congregação que neste ano completa 50 anos. E, por fim, participaram do túnel do amor, formado por religiosos e religiosas, onde cada jovem recebeu um abraço e ouviu palavras de ânimo e entusiasmo.
A EXPERIÊNCIA DO RESSUSCITADO
Em sua homilia, Frei Fidêncio afirmou que estamos vivendo um tempo muito bonito, que é o tempo pascal. “Em todo esse tempo pascal o que nós podemos perceber é o grupo de pessoas em movimento, um grupo de pessoas em caminhada. Nós ouvimos há pouco, no Evangelho, que dois discípulos contaram o que tinha acontecido no caminho e como eles reconheceram o Ressuscitado ao fazer o caminho”, disse.
Todos caminham, segundo o Ministro Provincial: Pedro e João, as mulheres e os discípulos. “De certa forma, no primeiro momento, há um caminhar dispersivo. A morte de Jesus assustou a todos. A morte de Jesus, a tragédia da Cruz, espantou a todos, como nós nos espantamos quando algo trágico acontece. Mas a partir da ressurreição de Jesus, há um caminhar novo, há um caminhar diferente, há um caminhar de alegria, há um caminhar das pessoas que vão ao encontro de Jesus Ressuscitado. E a partir deste novo caminhar, as pessoas se encontram. A Igreja começa a nascer, as pessoas começam a narrar tudo aquilo que foi a experiência pessoal com o Senhor Ressuscitado”, destacou.
“Meus queridos jovens, vocês, ontem, fizeram uma caminhada fantástica, difícil, uma caminhada que teve seus momentos de dor, e parecia que nunca chegava. Mas escuta aqui, no caminho de vocês, o que havia? O que vocês experimentaram ao fazer este caminhar?”, perguntou.
“Creio que cada um de vocês, no fundo do coração, também dizem como Maria: ‘Eu vi o Cristo Ressuscitado! Eu experimentei o Cristo Ressuscitado’. O Cristo Ressuscitado estava no irmão, na irmã que me sorriu, que reclamou, que chorou, que estendeu seu braço, que alargou seu coração. Sim, vocês, no caminhar, fizeram a experiência do Cristo Ressuscitado”, ensinou o Ministro.
“Nada mais bonito do que reconstruir vidas (tema da Caminhada) a partir da experiência que cada um fez lá no fundo do seu coração, com o Ressuscitado que silenciosamente caminhava com vocês como caminhou com os discípulos de Emaús”, ilustrou.
Segundo Frei Fidêncio, se se desse aos jovens o microfone, eles certamente contariam e partilhariam da experiência da ressurreição do Senhor, da experiência do Cristo ressuscitado. “Os apóstolos disseram que nós experimentamos muito de perto o Ressuscitado no momento da partilha. Sim, é na partilha da vida, na experiência de comunhão, quando nós deixamos este Cristo peregrino entrar na nossa casa, entrar na nossa vida. Sim, no meu caminho, no teu caminho, no nosso caminho, cada um experimentou a alegria do Ressuscitado”, observou.
CONSTRUIR SONHOS
Frei Fidêncio exortou os jovens a não terem medo de anunciar o Ressuscitado: “Coragem! O Senhor nos chama! Coragem! O Senhor estende a sua mão, ele nos provoca para a missão, para o testemunho, para o alegre anúncio e nós vivemos hoje em um mundo muito dividido. É tão triste a destruição da Síria, onde as bombas caíram ceifando vidas. “Não precisamos ir longe. Também experimentamos na nossa realidade, no nosso país, nas nossas cidades, nos nossos estados, de onde a gente vem, que vivemos um mundo dividido. O Ressuscitado congrega. O Ressuscitado forma comunidade e nós queremos, então, queridos jovens, continuar a nossa caminhada. Coragem!”, pediu.
E completou: “Vocês depois, certamente, terão muitas histórias a contar: o que viram pelo caminho, o que construíram neste caminhar, o que o Ressuscitado, sobretudo, falou ao coração de cada um de vocês. Coragem! O Senhor te chama. Coragem, para contar as maravilhas que vocês experimentaram neste caminhar, coragem para serem profetas e profetizas, testemunhas do Ressuscitado no nosso tempo, na nossa história de hoje”.
No final da celebração, o pároco Beto Luna dirigiu palavras de agradecimento a todos os jovens e, em especial, às famílias que não mediram esforços para acolherem os jovens. “Nós nos alegramos com a presença de vocês. O grande número nos surpreendeu. Lembro-me que no domingo passado (08/04) faltavam ainda 250 lugares para hospedarmos vocês e, de repente, as famílias se multiplicaram e faltaram jovens. Viessem mil jovens teríamos famílias e pessoas generosas para acolher a todos”, disse. Ao Frei Fidêncio convidou: “Que os freis possam voltar e frequentar mais nossa cidade e Paróquia! Voltem sempre, a casa continua sendo de vocês!”.
SER TESTEMUNHAS NA HUMILDADE
Os jovens, então, continuaram em peregrinação pela cidade de Campos do Jordão, passando por alguns pontos turísticos e também por bairros da periferia, muitas vezes ignorados e esquecidos. Muitas famílias e pessoas que moram nos locais por onde a caminhada passou saíram às ruas para ver esta “invasão franciscana” que, com toda a certeza, deixou marcas.
Já na Paróquia São Benedito, do Bairro Capivari, os jovens viveram um momento forte de adoração ao Santíssimo. Refletindo a última meditação “como realmente seguirei Jesus”, os jovens puderam coroar esta caminhada: “Vai, a tua fé te curou” (Mc 10,52).
Ainda faltavam apenas 4 km para que todo o trajeto se cumprisse. Porém, isso não foi motivo de tristeza nem de desânimo; pelo contrário, a cada novo passo, a chegada ficava mais próxima. Entoando cantos, rezando e louvando ao Senhor, os jovens pararam literalmente a cidade, com a ajuda da Defesa Civil.
Finalmente, quando chegaram ao destino, na casa das Irmãs de Nossa Senhora de Fátima, foram surpreendidos pelo rito do lava-pés, onde religiosos e religiosas estavam a postos, com bacias e jarros na mão, para lavar os pés daqueles jovens que viveram a experiência do Ressuscitado neste último final de semana. Os jovens partiram em missão para suas comunidades com a lição de servir.
Tivemos a Gabriela e o Diego representando a Jufra das Chagas.
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