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Frei Edvaldo será ordenado presbítero dia 3 - Assistente da Jufra das Chagas

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“Desejo cada dia dizer o meu sim a Deus”

Moacir Beggo

Nascido e criado no interior baiano, Frei Edvaldo Batista Soares fala nesta entrevista um pouco de sua vida com sua família de 12 irmãos (cinco morreram) até deixar a sua terra natal em busca de oportunidades na cidade grande. Conseguiu o que queria em São Paulo, ajudou a família, mas Deus tinha reservado para ele uma outra missão: seguir os passos de Jesus, como é o seu lema escolhido para receber a ordenação presbiteral pelas mãos do Arcebispo de Porto Alegre e seu confrade, Dom Jaime Spengler, no dia 3 de setembro, às 18 horas, na Paróquia Nossa Senhora dos Prazeres, em Entre Rios (BA). Sua Primeira Missa será no dia seguinte, às 10 horas, na mesma igreja. Acompanhe a entrevista!

Site Franciscanos - Fale um pouco de suas origens, sua família e sua terra.
Frei Edvaldo – Sou natural de Entre Rios, uma pequena cidade no litoral Norte da Bahia. Vivi desde a minha infância até os 20 anos com meus pais numa comunidade da zona rural, Calçada Nova, a uns 16km do centro da cidade. Meus pais chamam-se Florêncio e Joana Batista Soares. Eles tiveram 16 filhos: Maura, Luiz, Josefa, Josefa (duas irmãs com o mesmo nome), Lindinalva, José, Edno, Edvânio, Pe. Edilson, Jorge, estes todos vivos; cinco faleceram ainda bebês. Depois de criar os filhos com muita dificuldades, Deus pediu um pouco mais de doação a esses dois batalhadores e eles, então, adotaram uma criança de 2 anos, nossa irmã Juliana, que também é minha afilhada. Portanto, hoje somos em 12 irmãos. Vi muitas vezes o sacrifício de meus pais para sustentar os seus 12 filhos. Vi-os trabalhando de sol a sol para garantir um pouco do sustento para a família. Quantas vezes vi minha mãe partir um ovo para quatro ou cinco filhos e ela mesma seguir trabalhando com fome. Ela sempre preferiu saciar a fome dos filhos do que a própria necessidade de se alimentar. Passaram-se os anos, e eu, assim como meus irmãos, tivemos que sair da minha terra natal para buscar dias melhores longe da minha casa e do meu povo. Em 1999, recebi do meu irmão Edno uma proposta de vir morar em São Paulo, onde conseguiria um emprego. No dia 6 de janeiro de 2000, com 20 anos, minha vida mudou radicalmente. Saí do meu pequeno povoado para morar na cidade mais populosa do país. Essa ruptura me trouxe dores e alegrias: dores, porque tive que deixar o meu “mundo” para fazer parte de outro “mundo”; alegrias, porque tive a oportunidade de me sustentar financeiramente e ajudar minha família a ter melhores condições de vida. Hoje, recordando minha trajetória vocacional, percebo que foi Deus que me conduziu pela mão e me trouxe onde nunca imaginei chegar.

Site Franciscanos – Como se deu o seu discernimento vocacional?
Frei Edvaldo – Pois bem, apesar de ter sido uma criança muita levada, sempre gostei das coisas que me falava do Sagrado: cantos devocionais, rezar os Benditos, as ladainhas e o Ofício de Nossa Senhora nas casas de famílias, práticas devocionais muito fortes na minha região e que tinham como animadora minha tia Lauriana. No meu tempo de infância até o início de minha adolescência, as missas aconteciam apenas uma ou duas vezes por ano na minha comunidade; todos os outros momentos de fé se davam pelas devoções promovidas por minha tia. Ela me ensinou amar a Deus e à Igreja e trilhar os caminhos do Senhor. Ela me ajudou a afinar os meus ouvidos na escuta da sua Palavra e preparou o meu coração para ouvir o chamado do Senhor e acolher a sua mensagem de amor. Desde os meus 12 anos, pelo que me recordo, sentia vontade de ser sacerdote cada vez que via o Pe. Evaristo, pároco da Paróquia Nossa Senhora dos Prazeres, celebrando missa no colégio da minha comunidade. Aqueles momentos eram especiais para mim e para todo o povo daquela comunidade. Eles despertavam em mim o desejo de ser padre. Passaram os anos e eu não tinha coragem de tomar uma decisão tão radical como essa. Aos 20 anos, morando em São Paulo, recebi do meu catequista, o sr. Silvino, um livro enviado da Bahia. O nome era “Seiva Nova”. Nele, contava-se a história de Frei Anselmo Fracasso e, na página seguinte, um convite para ser frade franciscano. A partir disso, escrevi uma carta para o Frei Luiz Fernando Mendonça e ele me convidou para conhecer os frades no Convento São Francisco. Aquele encontro foi amor à primeira vista e, aos poucos, fui me apaixonando pelo Santo de Assis e, desde então, não deixei de visitar o convento no centro de São Paulo. Fiz um ano e meio de acompanhamento vocacional e, em 2003, entrei no Seminário Santo Antônio, de Agudos. Olhando a minha trajetória, cheguei a uma conclusão: não fui eu que escolhi a vida religiosa franciscana, mais foi ela que me escolheu. Foi Deus Pai que me escolheu, Cristo me chamou e a Ordem dos Frades Menores me acolheu no seio da Igreja. E hoje eu posso dizer com toda a alegria de um frade menor: meu coração bate forte por Cristo no ritmo de São Francisco de Assis.

Site Franciscanos – Quem é Frei Edvaldo?
Frei Edvaldo – Essa pergunta me faz recordar nosso pai São Francisco, quando, estando diante da grandeza de Deus e reconhecendo sua pequenez, reza: “Senhor, quem sois vós e quem sou eu? Vós o Altíssimo Senhor do céu e da terra e eu um miserável vermezinho, vosso ínfimo servo!” Eu, diante da grandeza do chamado de Deus, me sinto incapacitado para tão grande missão, mas acredito que Deus não escolhe os capacitados, mas capacita os escolhidos. Portanto, eu me vejo como uma pessoa que, do fundo do meu coração, desejo e anseio ser modelado pelas mãos do Senhor assim como o barro é modelado pelas mãos do oleiro. Desejo cada dia dizer o meu sim a Deus, iluminado pelo lema da minha Ordenação: “Se alguém me quer seguir, renuncie a si mesmo, tome sua cruz cada dia, e siga-me” (Lc 9,23).

Site Franciscanos – Que expectativas você tem para o seu ministério sacerdotal?
Frei Edvaldo – Com sinceridade, eu espero corresponder todos os dias da minha vida, como frade menor e com toda a fidelidade às exigências desse árduo e bonito ministério. Espero ser fiel à Igreja que, através da Ordem Franciscana me confiou esse ministério. Espero ser fiel ao povo de Deus, que espera encontrar no sacerdote a acolhida do Cristo misericordioso.

Site Franciscanos – Deixe uma mensagem para os jovens que querem seguir a vida religiosa franciscana.
Frei Edvaldo – Desde o início desse ano, a Província Franciscana da Imaculada confiou ao Frei Diego A. Melo e a mim o Serviço de Animação Vocacional (SAV). É claro que a nossa missão é ajudar aqueles que já estão na caminhada a dizer cada dia seu sim com alegria. Do mesmo modo, aos jovens que procuram a vida religiosa franciscana, buscamos ajudá-los a discernir bem o chamado do Senhor e, ao mesmo tempo, apresentamos a esta juventude a beleza do carisma franciscano. A estes jovens, gostaria de dizer que ser franciscano é, antes de tudo, ser um verdadeiro cristão católico, que ama e vive a fé da Igreja e por ela se entrega a exemplo do próprio Cristo, que se entregou por nós. Portanto, jovem, se você sente arder em seu coração o desejo de seguir Jesus Cristo a exemplo de São Francisco de Assis, aposte nesse ideal de vida, pois você não estará longe do Reino dos Céus. Posso dizer por minha experiência: é muito bom sentir o nosso coração bater forte por Cristo no ritmo de São Francisco de Assis.

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