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Frei Fidêncio toma posse como Ministro. Haja coração!

Agudos (SP) – O que parecia ser uma eleição tranquila do Ministro Provincial, tornou-se um dos momentos mais emocionantes na história dos Capítulos Provinciais da Província da Imaculada Conceição. Frei Fidêncio Vanboemmel foi reeleito para um novo mandato – agora de três anos – depois de quatro tentativas: primeiro, abriu-se a urna para apuração dos votos dos 272 frades que votaram antes de se iniciar o Capítulo Provincial. Sem obter a maioria de dois terços, a eleição precisou de três escrutínios disputadíssimos para se chegar ao resultado final. Foram duas horas de deixar cardíacos em perigo!

A disputa entre os cinco homologados pela Cúria Geral – Frei César Külkamp, Frei Estêvão Ottenbreit, Frei Evaristo Spengler, Frei Fidêncio Vanboemmel e Frei Paulo Pereira – acabou no terceiro escrutínio, quando Frei Fidêncio somou 82 votos contra 61 de Frei Evaristo (um foi nulo).

Frei Fidêncio nem conseguia respirar quando foi perguntado pelo presidente do Capítulo, Frei Nestor Inácio Schwerz, se aceitava este serviço novamente. Frei Fidêncio, depois de uma pausa e suspense, respondeu: “Faça-se, como Maria!”. O seu sim foi ovacionado pelos confrades!

Mas as emoções não ficaram na Sala Capitular. Os frades e o Ministro Provincial eleito se dirigiram, logo em seguida, para a Capela do Seminário, onde foi celebrada a tomada de posse do Ministro eleito.

Depois de ouvir a leitura do Evangelho, Frei Nestor traduziu em poucas palavras a importância desta data história na vida da Província. “Esses aplausos no fim, por parte de toda a assembleia, significa que no final todos estão agora contentes e te acolhe como Ministro desta Fraternidade Provincial. Porque entre nós, na nossa fraternidade, não existe vencedores ou vencidos. Fizemos a eleição, uma eleição bem disputada, e no fim alguém recebeu a maioria dos votos. Terminada a eleição todos nós somos de novo a fraternidade reunida em torno do Ministro Provincial que foi eleito e que traz com ele o seguimento de Jesus Cristo com a força e a luz do Espírito Santo”, admoestou.

Frei Nestor, então, fez questão de enfatizar que não são simplesmente mais três anos. “É outro mandato. É um novo começo. Talvez você mude alguma coisa lá no seu escritório para mostrar que está recomeçando… Não está simplesmente continuando, porque poderia se tornar um peso pensar que serão nove anos de governo. Não. Agora é um novo mandato. E os irmãos que você vai encontrar são outros. Então, é bom ter essa perspectiva, essa visão do novo. Claro que existe uma continuidade, mas também é um momento novo na Fraternidade Provincial”, frisou.

“Em terceiro lugar, justificou-se o presidente do Capítulo, quem sou eu para dizer a Frei Fidêncio o que São Francisco pensava sobre os ministros e os irmãos. Mas não custa relembrar. Na Regra, capítulo 10º, São Francisco diz assim: ‘Os irmãos que são ministros visitem e admoestem seus irmãos e corrijam-nos com humildade e caridade, não lhes ordenando nada que seja contra sua alma e a nossa Regra’. Então, o sr. sabe muito bem que São Francisco pensou sempre no Ministro como alguém que é irmão, que é servo, que se faz o menor, aquele que lava os pés, aquele está a serviço. Não se trata de um poder de dominação, mas é um poder de serviço”, reforçou.

Depois, falando para todos os irmãos lembrou que, por amor de Deus, renunciaram às suas vontades. “Sabemos que a obediência não é muito fácil. E também naquela pesquisa que foi feita na Ordem, diz claramente assim: ‘Se nós perdermos a visão de fé, a nossa obediência vai ser mais difícil’. Então, nossa profissão e nossa forma de vida sempre exigem este olhar de fé, esta perspectiva mais profunda. Este obedecer ao Ministro é também, junto com ele, discernir aquilo que o Senhor quer de nós. Esta capacidade de renunciar à vontade própria para estar sempre à disposição do Senhor e que se expressa na fraternidade”, ensinou.

No final de sua exortação, lembrou um decálogo do então Ministro Geral José Rodríguez Carbalho, com virtudes ou atitudes ou ainda qualidades de um Ministro:

1 - Ser homem de Deus. Você já é, mas a gente está sempre a caminho.
2 - Sentir-se em caminho, como Jesus Ressuscitado com os discípulos de Emaús. É preciso ajudar os irmãos a descobrir a novidade e a surpresa que Deus realiza.
3 - Ser livre, servindo a todos, sem deixar-se manipular por grupos, tendo sempre o Evangelho, a Regra e o bem dos irmãos como critério maior. Ser tudo para todos, como diz São Paulo.
4 - Ser homem de escuta e diálogo. Este é um dos ministérios mais importantes que o ministro pode e deve exercer. Muita coisa pode ser delegada, mas a visita, a proximidade e a escuta dos irmãos não é delegável.
5 - Ser homem misericordioso. Você foi eleito no Ano da Misericórdia. E nosso seráfico Pai São Francisco, na sua carta a um Ministro, exorta: “Não haja no mundo irmão que pecar, o quanto puder pecar, que, após ter visto teus olhos, nunca se afaste sem a tua misericórdia”.
6 - Ser apaixonado. Apaixonado pela vida franciscana e pela missão franciscana na Igreja e no mundo, lutando contra a mediocridade, a mundanidade e trabalhando pela revitalização do carisma em todas as suas manifestações e possibilidades.
7 - Ser custódio da esperança e sentinela da manhã. Em tempos de crise, se faz necessário pessoas que sonham, que testemunham a esperança e aponta para os sinais de um novo alvorecer.
8 - Ser animador, sem descuidar do governo. O capital mais importante da Fraternidade provincial é a pessoa do Irmão, de cada Irmão. Animar é investir nos irmãos acima de tudo, sem descuidar das exigências de governo e administração.
9 - Cuidar e investir muito na formação permanente e inicial. Entre os vários meios, a Ordem se insiste especialmente na importância do acompanhamento (personalizado, em fraternidade).
10 - Trabalhar incansavelmente pela vitalidade missionária na vida dos irmãos e da Fraternidade em vista de uma Província em saída, acreditando muito na interprovincialidade, internacionalidade, etc.

Então, Frei Fidêncio, “coragem, que Deus lhe dê forças. Você pode contar com a força e com o dom e também pode contar com os irmãos. E que você se sinta assim com novas forças e motivação para assumir este serviço e continuar assim, como fazia, com toda dedicação e com todo amor. Que Deus te abençoe”, pediu Frei Nestor.


Depois da homilia do celebrante, Frei Fidêncio fez sua profissão de fé como Provincial eleito: “Eu, Frei Fidêncio, firmemente creio e professo todos e cada um dos artigos contidos no símbolo da fé, a saber: Creio em um só Deus, Todo-Poderoso (…) Também, firmemente aceito e guardo todas e cada uma das coisas referentes à doutrina da fé e costumes, quer sejam pela Igreja definidas por um solene pronunciamento, quer sejam sustentadas e declaradas pelo magistério ordinário – da maneira que pela mesma Igreja são propostas, principalmente aquilo que se refere ao ministério da Santa Igreja de Cristo, aos Sacramentos da mesma, ao Sacrifício da Missa, e ao Primado do Romano Pontífice”. Depois veio o termo de compromisso com a Ordem e a Fraternidade Provincial e o momento de Ação de Graças.

A posse terminou com a bênção do Ministro eleito e o abraço da paz. Já não havia mais tensão na face do novo Ministro, que não segurou mais as lágrimas… 

A noite desta quinta-feira, 21 de janeiro, terminou em festa no Seminário de Agudos.

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