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Francisco e o presépio



Nós todos aprendemos a gostar de São Francisco ao longo de nossa vida. Encontramos vestígios dele no rosto de certos irmãos e de muitas irmãs. Difícil dizer o que mais encanta. Tudo nele é força na fragilidade e ternura vigorosa. Por vezes, por vezes mesmo, ele nos lembra Cristo Jesus. Os dois se parecem demais.

Gostamos de vê-lo, simples, despojado, caminhando pelas ruas, dizendo que o Amor não é amado. Vai gastando todas as suas energias para dizer a todos os homens que será preciso mudar o coração, fazer penitência.

Ficamos extasiados ao vê-lo passar horas, noites e dias em oração. Ele é o amante das grutas e dos espaços virgens onde a mão humana pouco se faz presente. A impressão que se tem é que Francisco faz sua vida desenrolar-se continuamente na presença de Deus. Ele não é homem de oração. No dizer de Celano, ele é a própria oração. Tarefa alguma pode fazer com que venhamos a perder o espírito de oração e da santa devoção. Por sua vida, ele assim nos ensina.

Gostamos de freqüentar Greccio, nossa Belém. Nunca ninguém soube tão bem festejar o nascimento de Deus na terra dos homens: palha, despojamento, frades encantados e extasiados, homens e mulheres com tochas acesas e Francisco, feito um dançarino de Deus, cantando a glória do Menino das Palhas, no Menino Pobre, do Deus que se toma criança.

Gostamos de nos sentar contemplativamente diante da rudez e majestade do La Verna. Frei Francisco, Frei Leão, o irmão falcão, os abismos, o verde, o serafim e as chagas de Jesus na carne de Francisco nos envolvem e nos encantam.

Gostamos de ver Francisco caminhando pelas terras da Úmbria atrás dos leprosos, dos mais abandonados, fazendo-se amorosamente presente na vida das pessoas.

Por vezes, gostamos de imaginar esse bando de gente simples, de pés no chão, de braços alevantados, estes frades com Francisco, louvando o Senhor, deixando que o sol, que o Irmão Sol lhes queimasse o rosto e sendo acariciados pelo suave Irmão vento ou pela Irmã Brisa. Gostamos de ver chegar Irmã Jacoba nos derradeiros momentos, trazendo a mortalha do Pai e aqueles doces de amêndoa que só ela sabia fazer e de que ele tanto gostava. Gostamos do Francisco humano, verdadeira e belamente humano.

Gostamos de ver Francisco como aquele que tudo descomplica: sem preocupações mundanas, sem bens materiais, sem cultivo do ego, sem vontade de aparecer, não reclamando nada.

A impressão que se tem é que Cristo veio outra vez viver entre nós na delicada e vigorosa figura de Francisco de Assis.

Texto extraído do livro “Por que todos andam atrás de ti?”, de Frei Almir Ribeiro Guimarães. Publicação da FFB, 2005


Frei Almir Ribeiro Guimarães, ofm


Fonte: http://www.franciscanos.org.br

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