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Solenidade Imaculada Conceição de Nossa Senhora


Imaculada: Projeto de Deus

Por que Deus fez Maria diferente de nós? Por que ela não conheceu o pecado?

A Bíblia apresenta desde a segunda página o mistério do mal no mundo: o pecado dos que deram início à humanidade, Adão e Eva. No fim dessa história aflora um pontinho luminoso: a mulher esmagará a cabeça da serpente (1ª leitura). A fé cristã viu o cumprimento desta palavra na “Mulher” que é a mãe do Salvador e da Igreja. Ela venceu a serpente: não participou do pecado ao qual a serpente induziu Adão e toda a humanidade. Deus a preservou, com vistas à sua vocação de ser a mãe de seu Filho. Neste sentido, ela é a “obra-prima” da graça de Deus.

Se não é possível compreender totalmente o mistério da eleição por Deus, ao menos podemos contemplá-lo. Deus conhece antes do tempo, fora do tempo … Ele sabe sempre quem lhe pertence. Em Maria, a libertação do pecado, por Cristo, surtiu efeito antes que ela fosse criada. A eleição não tem tempo; acontece antes da criação do mundo (2ª leitura). Mistério da eleição divina.

O evangelho mostra a total consagração de Maria a Deus e à sua missão de ser mãe do Filho de Deus. Deus e sua missão tomam conta de Maria. Talvez sintamos certo incômodo diante de tanto “privilégio”. Porém, não é um privilégio do tipo que tão facilmente arrumamos para nós mesmos … É um privilégio em função da salvação de todos. É um serviço. Maria é a Serva por excelência. Não nos falte a solidariedade, não digamos: “Isso é só para ela, não vale para mim”. Maria foi libertada de antemão, para que, graças à sua vocação e missão, nós fôssemos libertados. Devemos aprender a admirar gratuitamente o que é mais belo e mais puro do que nós mesmos. Pela contemplação tornamo-nos semelhantes ao que contemplamos. Não desprezemos, mas admiremos o “não ter pecado original”, para ficarmos semelhantes!

Maria, com vistas à maternidade divina e por antecipação da libertação por Cristo, foi concebida e nasceu sem ser contaminada pelo pecado da humanidade, o pecado original. Ela é a primeira em quem se realizou totalmente a libertação. Será que ela poderia ter recusado ser a mãe do Salvador? Poderia. O mérito de Maria consiste em ter dado livremente seu “sim” à graça de Deus e à sua missão de ser mãe do Salvador. Então, ela não era predestinada para isso? Era, sim. Mas não forçada! Poderia ter recusado sua (pré-)destinação. A predestinação da graça, que fez com que ela nascesse livre do pecado original, era o projeto da parte de Deus. Mas ela não foi forçada a aceitar este projeto. Também Adão não tinha pecado original, mas ele não foi fiel ao projeto de Deus. Maria, sim. Corrigiu a desistência de Adão. Assumiu de mão cheia o original projeto de Deus, aquilo que Deus predestinou para ela e para todos.

Contamos com muitas Marias assim em nossas comunidades. Mulheres fortes, nas quais, graças à sua adesão ao projeto de Deus, reaparece o estado original, livre e sem pecado, da humanidade. São diferentes de Maria de Nazaré nisto: que seu estado de graça não lhes veio de sua concepção, mas de seu batismo e inserção na comunidade da fé, nas suas lidas e lutas. Mas o resultado vai na mesma linha. 

Na Imaculada Conceição celebramos o estado redimido de todas e de todos os que dedicam sua vida ao Salvador do mundo.

Do livro “Liturgia Dominical”, de Johan Konings, SJ, Editora Vozes

 Fonte: Site dos franciscanos


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